Sunday 8 April 2007


Não há ninguém aqui hoje porque alguém levou a luz. Nada me enche o coração… não penses sequer que eu poderia explicar!

Não suporto a dor de perder algo tão à parte de mim embora, na realidade, tu, dificilmente estivesses no meu coração; tu és o meu coração; tu és tudo, tudo…

Em poucas palavras, um sopro dos tempos de Verão transforma-se nas piores chuvas de Inverno e em tão pouco tempo toda a minha esperança se desvaneceu. E será que a recupero algum dia, será ela a mesma? Há-de surgir disfarçada de alguma coisa ou de coisa nenhuma…

Tudo o que sempre quis foi ver o teu rosto, presenciar um leve sorriso de mim, tão pequena perto de ti e perto de tudo e dar-te a saber. E dar-te a saber.


Mas a realidade das coisas não deixa de ser como uma mancha que escorre e esborrata e muda a cada minuto, a cada olhar nosso atencioso e amadurecido que não volta a acontecer. Como custa ter de te perder, de me perder.

Tu eras tudo, tudo. Fiz de tudo para te dar vida em mim, fiz tudo o que podia. Teria feito qualquer coisa para que continuasses a viver em mim. Pedia por favor num sussurro de dor para que nada deixasse de ser, para não te largar.

Lá fora, no escuro, o espírito perde-se em busca de um lar; estás perdido no nevoeiro espesso que cobre o caminho como um manto suave de nada. Não tenhas medo, eu penso em ti, não estás só. Algo se partiu em mim quando foste sem data de regresso, algo impossível de concertar como se me tivesse perdido a mim própria.

Um dia, de alguma forma, quando o tempo for o certo, poderá um anjo sorrir sobre mim e devolver-te a vida perdida. Para te dar vida. Eu daria tudo para que continuasses vivo em mim, eu daria tudo para continuar viva por dentro, passar por tudo livre de apatia e dormência. Será isto aquilo a que se chama demência do espírito e da alma que se perde em tão pouco, não se recupera por nada.

Pensamentos soltos como devaneios de um ser perturbado com a ausência de tudo, habituada ao vazio que é ser-se só no mundo. Ser irreconhecível, sem cheiro e sem voz, ser invisível no meio de tudo como se não existisse. O vazio faz-me perder a noção do tempo, faz-me sentir inválida perante as sensações e os sentimentos que não conseguem existir ou perdurar… preciso que me ensinem novamente a amar.

Tu eras tudo, tudo. Teria feito o que fosse preciso para te manter vivo e sobreviver sem pedir nada. E bastava um olhar de aceitação, sentir-me apreciada; bastava uma aprovação e sentir-me desejada. Teria feito o que fosse preciso...

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