Wednesday 31 October 2007


Momentos em silêncio… perigo constante em vidas semelhantes à minha.
Por mais que passe o tempo, por mais dias que viva intensamente, a dor continua e vinca-se como os traços da nossa personalidade.
Por mais que viva intensamente… é quase que uma obrigação, como pagar a dívida que não é minha. Como que viver uma vida que não é a minha mas é. Fazes parte dela até ao último sopro.
Mesmo na mais estranha aventura que vivi, a mais esperada e realizada como sempre sonhei, estiveste lá, espelhado em cada rosto, em cada imagem vazia de paisagem e de vegetação, em cada sopro de brisa colorida, nunca te deixei para trás.
As lágrimas que não chorei no dia destinado a ti, somente a ti, escondi-as para que ninguém as visse. Partilhei contigo o mais maravilhoso céu do mundo, procurei por ti mas não te vi. Ainda não descobri qual das estrelas és tu. Procurei por ti nessa noite na pessoa errada… procurei o conforto de ti mas é impossível reavê-lo, jamais…
A felicidade dos momentos mais recentes que vivi por nós desvaneceu-se num ápice. Foram legítimos porque os vivi da forma como só tu conheceste em mim. E será sempre assim, só tu saberás sempre o meu dia-a-dia, só tu saberás o que faz falta porque nem eu sei.
Os sorrisos, os olhares, a sensação do toque, tudo o que não tenho de ti, continuo à procura e não vou encontrar… porque quando encontro não perduram assim como tu não ficaste para me acompanhar…
Mais um dia virá em que não vou ver o sentido das coisas, não vou ver o sentido de teres partido tão cedo. As lágrimas serão as mesmas de há 10 anos e a dor… maior a cada dia que passa. És o único pensamento constante na minha mente e assombras-me sempre quando menos espero. Estás sempre lá, sempre na sombra mais recôndita da consciência humana, como se nada se passasse contigo… é já tão grande o hábito e tão implícita a tua presença que fazes parte de mim, eu sei que sim. E nunca me deixas esquecer que cada dia é vivido por ti.
Tudo, pensas que sabes tudo mas não sabes. Continuas a ser o meu pensamento do dia-a-dia, o sorriso nos meus lábios, as lágrimas secas que escondo do mundo como se as escondesse de mim. Sinto falta do riso; ainda acordo em sobressalto achando que o sinto ecoar à minha volta e a única coisa que sinto na realidade é a dor, e não consigo resistir ao desespero de não te ver e choro…
E quando penso que tenho de te deixar ir, que tens de me deixar ir, puxas-me de novo para ti e a impotência toma conta de mim de novo, e volto mendigando o que jamais me poderás dar. Sofrimento constante, duradouro, disfarçado e que arrebata tudo o que há em mim.
Mas vou ter de te deixar ir na serenidade que é a evolução da vida… Vais ter de me deixar ir no mais profundo desgosto de saber que jamais te tornarei a ver. Procurar por ti apenas na imensidão de céu que todas as noites se abate sem ser convidada e apenas aí.

Tuesday 30 October 2007